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(Não... Não é esta... Se bem que esta é mais interessante.)

(Cá está. Yup, a de cima é, de facto, mais interessante.)

 

Mais um episódio do podcast TVDependente aqui (e mais dois que não referi no blog: 55 e 56). Este foi dos que mais gozo me deu fazer. Voltámos às entrevistas e desta vez foi com um ex-colega dos idos da blogosfera (do saudoso e trabalhoso Hotvnews), o Eduardo, que há uns anos decidiu ir para os Estados Unidos fazer o seu mestrado e já ganhou um Emmy. Claro, podem desvalorizar: "É um Emmy regional." Estou-me a cagar. É um Emmy. Um Emmy é um Emmy. É o Óscar, o Grammy, o Tony da Televisão. Para quem não sabe, o Tony é o Óscar, o Grammy, o Emmy do Teatro. O Grammy está para a Música e, caso não saibam, o Óscar está para o Cinema.

 

A conversa lá foi, mais uma vez, para o estado dos media em Portugal, e faço aqui um apelo: Falem sobre isto. Um português ganhou um Emmy. É uma das maiores honras que alguém que trabalha em televisão pode receber (senão a maior). As nossas novelas já ganharam dois. Após alguma insistência, lá noticiaram a nomeação. Mas não falaram na vitória. Claro, falaram no Diogo Morgado ir para Game of Thrones, no Diogo Morgado afinal não ir para Game of Thrones porque fomos todos enganados e as notícias estão a ser pirateadas, numa vaca brava à solta, 700 mil referências à derrota de Portugal com a Alemanha (mesmo depois de passarem alguns dias e já toda a gente estar farta de ouvir falar da derrota de Portugal com a Alemanha), na possível doença que Cavaco Silva pode ou não ter, no ex-Rey, no novo Rey, do quão bom era ter uma monarquia cá, do quão bom era ter uma Terceira República Espanhola, na mudança de liderança no BES porque aquilo não está muito bem de finanças, e em qualquer espaço noticioso não houve um único milésimo de segundo para valorizar uma vitória de um português lá fora. Vamos dar boas notícias de vez em quando, vá.

 

Noutros temas, também falámos de Game of Thrones e da sua 4ª temporada, que terminou no domingo passado (ou na terça, se seguem pelo Syfy). E finalmente percebi o dialecto estrunfe: É para evitar spoilers. Para exemplificar vou fazer aqui um comentário ao final da 4ª temporada: "Porra, que um spoiler já não spoiler spoilar em paz!" Querem perceber o que disse aqui? Vejam GoT e ouçam o Podcast TVDependente 57, aqui.

publicado às 02:13

19

por Manuel Reis, em 16.06.14

Eu costumo dizer que não sou "Anti". Não sou daqueles que grita "Porto é merda", "Benfica é merda", etc. Aliás, fico lixado com essa malta (essencialmente claques) que, acima de defender o seu clube, quer provocar e ofender os clubes dos outros. Aqueles que não ligam ao futebol tanto como ligam à luta livre desregulada e em qualquer lugar com qualquer pessoa. Os que normalmente vão para o topo dos viadutos atirar pedras aos autocarros das equipas adversárias, ou que se juntam à porta do estádio a 2 minutos do jogo só para armar confusão. O que eu quero é o bem do meu clube. Apenas e só isso.

 

Excepto quando falamos em selecções.

 

Aí há dois exemplos de equipas nacionais que me deixam aziado. A França, com o seu chauvinismo clássico, é o nosso rival de facto. A Espanha também, mas até temos alguma simpatia por eles. Agora, os franceses? Esses sacanas já nos eliminaram 3 vezes nas meias-finais, com uma arrogância terrível? O Euro 2000 ainda me está entalado na garganta (pior que o penalty foi o que aquele cabrão do Günter Benkö escreveu no relatório). Sim, a França deixa-me aziado.

 

Qual é o segundo?

 

A Grécia. Euro 2004. É preciso dizer mais? Quando se joga contra a Grécia é sempre uma questão de honra. Seja amigável ou para competição. Aí não há volta a dar.

 

Pronto, sou anti. Não posso com os franceses nem com os gregos. Mas acho que todos em Portugal somos assim. Ou quase todos.

 

E agora fiquem com um GIF da emissão da RTP. Mas como o GIF tem 6.8 MB, cliquem na imagem para o verem. Não vá eu estoirar-vos parte do vosso plafond de tráfego.

 

 

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publicado às 00:35

18

por Manuel Reis, em 15.06.14

(Foto: Getty Images)

 

Bem... Chegámos a meio. Da primeira jornada, claro. Três dias cheios de futebol, com dois óbvios candidatos a melhor golo do torneio (este da foto e o 2º golo da Costa do Marfim na noite de hoje) num leque de 28 golos marcados em apenas oito jogos, quatro reviravoltas (Brasil, Holanda, Costa Rica e Costa do Marfim), resultados surpreendentes (Espanha-Holanda e Uruguai-Costa Rica), alguns jogadores que surpreenderam quem não os conhecia (Joel Campbell, por exemplo) e outros que... Não são nenhuma surpresa (estou a olhar para ti, Maxi Pereira). Uma média de 3,5 golos por jogo, comparado a 1,6 golos/jogo no timeframe equivalente no Mundial de 2010. Assim sim, dá gosto ver. A festa começou (e espero que não seja fortemente estragada na 2ª feira).

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publicado às 03:59

17

por Manuel Reis, em 09.06.14

Foi uma semana negra para a comunicação portuguesa. Tanto para a comunicação de marcas como para a comunicação social.

 

Foram os cartazes da Olá (marca Unilever-Jerónimo Martins) com erros ortográficos ("Já experimentas-te os chocolates Olá?"), especialmente graves tendo em conta que um dos grandes alvos da comunicação da marca de gelados são as crianças. Depois, ainda no campo dos erros ortográficos, tivemos o "sofucar" do Correio da Manhã. Como é que aquelas gordas não passaram despercebidas, nem eu sei. Mas o pior ainda estava para vir.

 

No sábado acordo com a especulação no Facebook de que Diogo Morgado ia participar na 5ª temporada de "Game of Thrones". Clico no link (que, entretanto, já deixou de funcionar - já explico porquê) e digo logo: "Isto não é verdade." Algo que é confirmado pelo Aníbal, através do tal link.

 

Foi tudo criado desta maneira: Algures durante a sexta-feira, alguém decidiu ir ao shrturl.co e, pegando num artigo do site BreatheCast (um site dedicado sobretudo à música cristã, mas que também aborda filmes e séries relacionados com a temática), alterou o conteúdo, fazendo com que aparecesse a foto e o texto que diziam "Diogo Morgado em Game of Thrones". Uma partida. Um hoax. Em tudo semelhante ao que os brasileiros experienciaram com Selton Mello, que tinha sido alvo do mesmo rumor dias antes (e com um texto em tudo semelhante, senão mesmo igual).

 

O sucesso dos actores portugueses (os mais conhecidos do grande público, claro) lá fora é um tema que os media tradicionais portugueses gostam bastante de explorar. Dá pageviews, dá dinheiro. O problema é que, quando falam do que acontece lá fora, estes mesmos media tradicionais (de uma maneira geral) são... Burros. E sim, pesei bastante a palavra antes de a usar, mas é verdade. São burros. Incompetentes.

 

Senão vejamos: Como raio é que é possível que ninguém no Jornal de Notícias, no Diário de Notícias (ambos da Controlinveste), no Correio da Manhã (Cofina), n'A Bola, no Observador ou na SIC tenha pensado em cruzar fontes? Ou, sei lá, olhar para o link.

 

Eu sei que o jornalismo não está na valeta. Conheço excelentes exemplos de profissionais e publicações que fazem tudo para que o jornalismo se mantenha credível e com qualidade. Eles não têm a culpa de terem colegas burros, ignorantes e incompetentes que são incapazes de verificar a veracidade de uma informação. Esses sim, estão na valeta e arrastam com eles a profissão. O mesmo para quem desenha e para quem não verifica os cartazes da Olá ou para quem não faz correctamente a revisão de um jornal. E que obrigam o JB Martins, do Cineblog, a escrever este guia (que consegue mostrar bem a falta de tino que existe nas redacções).

 

De todos os OCSs que mencionei, o único capaz (até agora e que me tenha apercebido) de fazer um desmentido - e um pedido de desculpas - foi o Observador - curiosamente aberto há duas semanas. Não gosto muito dos conteúdos, mas aqui há que lhes tirar o chapéu porque engoliram o orgulho e foram capazes de admitir o erro e pedir desculpas. Outros (JN, A Bola) só referiram que era uma notícia falsa após haver confirmação do autor (um dos colaboradores da página de Facebook do blog Cabelo do Aimar reclamou esse título).

 

No entanto, o pior disto tudo não é que tenham associado erradamente um actor (não desvalorizando o Diogo Morgado, nem tão pouco a sua carreira) a uma série. O pior é não terem feito um mínimo de trabalho para confirmar a informação. Não terem ido a sites fidedignos (se é que eles sabem quais são esses sites fidedignos), ou mesmo verificar o site que o "artigo" referia como fonte original (para, obviamente, não encontrarem nada).

 

E já agora, o cúmulo de tudo isto: O TVDependente (blog no qual colaboro e que tem todos os dias informação fidedigna sobre as vossas séries preferidas) alertou e decidiu entrar na brincadeira, com um artigo falso que indicava que Cavaco Silva ia entrar em Game of Thrones (obviamente falsa, caso estejam na dúvida). E não é que um "jornal online" mais conhecido pelas suas ofertas de trabalho duvidosas do que propriamente pelos seus conteúdos decidiu publicar isso como se de uma notícia se tratasse? Não, não foi o Inimigo Público. Devia ter sido o Inimigo Público.

 

Agora só falta dizerem que o Rui Unas vai participar em Breaking Bad.

 

Pessoal, têm que rever tudo. Ensinamentos, métodos de trabalho, tudo. Só assim é que podem melhorar. Porque, presumo eu, querem informar correctamente e com factos as pessoas... Certo?

publicado às 22:15

16

por Manuel Reis, em 03.06.14

Marcar um golo num jogo decisivo deve ser das melhores experiências que um jogador de futebol pode ter. Especialmente se esse jogador está numa posição que não é muito propensa a golos.

 

Mas que se lixem as posições, adiante.

 

Quando um jogador marca um golo, segue-se normalmente uma sensação de êxtase. Uma felicidade que se quer partilhar com toda a gente, sejam 20 pessoas à volta do pelado ou 65 mil num estádio ultra-moderno. Porque quando a bola ultrapassa 10 jogadores de campo, 1 guarda-redes e aqueles 17,8 m2 (mais coisa, menos coisa) de área vertical, o jogador responsável só quer correr, gritar, sorrir (a não ser que tenha sido auto-golo, mas isso agora não interessa nada)... Lá está, quer estar feliz e partilhar essa felicidade com todos os presentes.

 

Mas há sempre aqueles golos em que não há festejos. Não estou a falar dos que não são festejados pelo passado que liga o jogador que marcou à equipa que sofreu. Estou a falar daqueles em que interessa recuperar o resultado. Estou a falar de uma equipa que, aos 80 minutos, estava a perder 2-0, marca 1 e tem apenas mais 10 minutos para marcar mais dois golos. Felicidade extremamente refreada, concentração ao máximo, e levar a bola de volta ao meio-campo para a voltar a atirar parar a frente.

 

Um golo é uma pequena vitória, mas quando se está a perder a única vitória que interessa é a vitória final.

 

'Bora ganhar isto.

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publicado às 00:51

Como comentar no meu blog

por Manuel Reis, em 28.05.14

Altura de pôr os pontos nos is. Olha, um ponto no i. E outro.

 

Tudo bem que isto dos blogs faz parte de uma experiência social na internet. Tudo bem. Não me importo com isso. Eu dou a cara pelo que escrevo, tal como espero que vocês dêem a cara por aquilo que escrevem. Mas, no meio disto tudo, há quem se deseje manter anónimo. Respeito isso. Embora não seja adepto de que as pessoas se escondam atrás de uma falsa identidade (normalmente porque usam essa identidade para falar mal), respeito a opção. O que não respeito é o que fazem com essa identidade. E isso passa por tudo: Nome, links, etc.

 

Por isso, novas regras. Os comentários, para além de moderados, terão de ter um nome que não remeta imediatamente para os classificados de acompanhantes do Correio da Manhã ou spam de casas de apostas online e jogos "sociais". Também não poderão ter links duvidosos (a dúvida fica ao meu critério, mas links terminados em .biz ou noutros domínios normalmente associados a esquemas ilegais serão bloqueados, assim como outros locais que possam danificar a experiência de utilização - como um excesso de pop-ups, excesso de anúncios, etc.)

 

Ao comentarem, estão automaticamente a aceitar estas regras. Vou tentar pedir a quem de direito para colocar um link para este texto na zona de comentários.

 

Porque é que faço isto? Porque, ao contrário do Wordpress, aqui não posso editar cada dado de quem comenta. Apesar da qualidade de alguns comentários (e que podem levar a uma discussão), a casa é minha. Eu é que mando. Quero mantê-la limpa para que quem a possa visitar o possa fazer sem ir ao engano. Tal como os Blogs do SAPO têm as suas Condições de Utilização (actualizada recentemente), eu tenho as minhas.

 

ACTUALIZAÇÃO: Nem de propósito, e alguns dias depois, o Inspira-me coloca este tema em destaque. Post actualizado com a tag respectiva.

publicado às 17:41

Podcast TVDependente 54

por Manuel Reis, em 24.05.14

Já online mais uma edição do Podcast TVDependente, na qual falámos (obviamente) de mais séries. Destaque absoluto para o final da temporada televisiva, que chegou ao fim na quarta-feira e que nos trouxe várias conclusões e novas histórias para a temporada televisiva que vem aí. Para além disso, uma discussão interessante sobre a perspectiva de Shonda Rhimes no que toca ao domínio das mulheres (mesmo numa discussão sobre a existência de Deus, elas têm sempre razão independentemente do que defendam), a antevisão do possível domínio dos super-heróis na próxima temporada televisiva (pelo menos estão criadas as condições para isso), campainhas e telemóveis a tocar. Podem ouvir tudo aqui.

 

Ah, e já agora: O Vítor, um dos membros do Podcast, quer ir à Irlanda. Coincidências ou não, há um passatempo a decorrer para levar alguém à Irlanda. Mas as coincidências não ficam por aí: O Vítor tem participado em todas as fases do passatempo. Esta é mais uma, mas já não depende só dele. Ele precisa dos vossos votos! As instruções para o ajudar estão aqui.

publicado às 23:31

Já fui à final da Champions.

por Manuel Reis, em 23.05.14

 

O futebol feminino é muito bom.

 

Primeiro, porque junta duas das minhas coisas preferidas: Mulheres e futebol. Especialmente quando elas andam à luta (não é tão frequente como no futebol masculino, infelizmente). Mas saindo do ponto de vista machista: Sim, é mais lento, um pouco mais atabalhoado (embora isso possa aumentar a emoção), mas tem mais tempo útil de jogo - logo a partir do momento em que as raparigas não simulam lesões, já se ganham uns quantos minutos.

 

Escrevo isto porque fui ver a final da UEFA Women's Champions League ou, como foi promovida em Portugal, a 1ª parte do concerto do Anselmo Ralph no Estádio do Restelo. Mas já lá vamos.

 

Sobre o jogo, algumas coisas a dizer. Uma primeira parte em que o Tyresö arrancou com tudo e foi muito atacante nos primeiros 15 minutos. As alemãs do Wolfsburgo (campeãs em título) foram subindo, e subindo, e conseguiram não só anular os ataques das suecas, como também criar algumas oportunidades de perigo. Mas o primeiro golo foi sueco, com sotaque brasileiro. Só podia ser a jogadora que desde 2004 se encontra no top-3 mundial, encabeçando o pódio de Jogadora do Ano por 5 vezes (entre 2006 e 2010): Marta. A suspeita do costume a abrir o marcador. Ainda estava eu a tweetar sobre este golo e as suecas marcam outra vez, com a galega Veronica Boquete a marcar. 2-0. A partir daí, tudo mudou. O Tyresö nunca mais insistiu em jogar e o Wolfsburgo foi pressionando e pressionando.

 

Na segunda parte, já não se via Tyresö a não ser nas bancadas. Em menos de 10 minutos, o Wolfsburgo empata. Golos de Alexandra Popp e Martina Müller penalizavam um Tyresö perdulário que precisou dos golos para acordar. Mais uma vez, Marta (com um golaço) a colocar de novo o Tyresö em vantagem, para depois voltarem a encostarem-se à sombra da bananeira. Aos 68 minutos, Verena Faisst empata para as alemãs, para Müller, a 10 minutos do fim, marcar o golo que deu a vitória ao Wolfsburgo. O Tyresö ainda acordou (outra vez), mas foi tarde demais (outra vez). Platini entregou a taça às bi-campeãs (seguidas!) da Europa.

 

Todos os artifícios que seriam de esperar da UEFA estavam lá. Todos os cartazes, branding, cores, coreografia de apresentação, etc. A UEFA não poupa esforços para tentar dar destaque à final da Liga dos Campeões Feminina. No meio disto tudo, consegui ter alguma sensação de "sexo menos frequente em jogos de futebol" quando, à entrada, e rodeado de mulheres, sou puxado por um segurança para ser revistado à parte. Tal como acontece às mulheres quando vão a jogos de futebol.

 

Isto foi o lado positivo. Bom jogo, boas condições, (algum) esforço da instituição que criou a competição.

 

Agora, que fique bem claro: Não tenho nada contra o Anselmo Ralph (bem pelo contrário), mas esta iniciativa da organização de incluir um concerto foi a coisa mais parva de que há memória e a constatação - até pela FPF - de que em Portugal não existe uma cultura futebolística (muito menos desportiva). É que fico triste, mas digo isto à vontade: Eram poucos os que estavam lá para ver o jogo. Eu já tinha decidido ir ver o jogo antes de anunciarem esta treta do concerto. Pior: A falta de respeito do "público" por quem REALMENTE estava a ver o jogo. Aos 87 minutos da partida cria-se uma debandada de gente das bancadas do Restelo, com pessoas (crianças, pré-adolescentes, adolescentes) a passar por cima de filas de cadeiras. Não, não houve nenhuma tragédia, não caiu nenhuma bancada. Queriam era ir para ao pé dos portões para irem o mais rapidamente possível para o recinto. Não, também não era nenhuma invasão de campo de adeptas do Wolfsburgo: Queriam era ver o Anselmo Ralph o mais perto possível do palco.

 

Não percebo a estratégia da FPF que, desde que Mónica Jorge é vice-presidente para o futebol feminino, tem feito um bom trabalho na promoção do desporto. "De repente", temos selecções júniores e juvenis. E numa situação em que podia ter sido mais um passo para chamar a atenção dos portugueses para o futebol jogado (e bem) por mulheres, especialmente numa altura em que a primeira treinadora de um clube profissional masculino em todo o mundo é portuguesa (Helena Costa, no Clermont Foot), trivializa-se todo este esforço criando uma estratégia que, a meu ver, falhou por completo. Quando estava a ir para o Restelo, não ouvia pessoas a dizer que iam ver um jogo, bem pelo contrário - dizia-se que o trânsito estava cortado porque ia haver um concerto. Não, não era uma final de uma competição europeia, era um concerto.

 

E não me venham com a treta de que era para vender mais bilhetes: No final, e enquanto os adeptos estavam a sair do estádio, vi o espaço em frente ao portão de saída CHEIO de pessoas (crianças, pré-adolescentes, adolescentes) à espera que lhes dessem autorização de entrada no estádio. Afinal, e no meio disto tudo, o concerto era gratuito. Pelo menos foi isso que me foi dado a entender.

 

Outro pormenor negativo: Os adeptos. Lembram-se de referir que a cultura futebolística é inexistente em Portugal? Dou-vos um exemplo. Eu sou de Aveiro. Logo, devia ser adepto do Beira-Mar. Mas sou adepto do Sporting. Isto pode-vos parecer perfeitamente natural. Uns são do Sporting, outros são do Benfica, outros são do Porto e o resto é paisagem. Pior: Os antis. Odeio os antis. Os antis são uma espécie de supostos adeptos que preferem as derrotas dos rivais às vitórias das suas equipas. O adepto português, de uma forma geral, não sabe (ou não quer) apreciar um jogo de futebol entre duas equipas que não conhece. Não quer perceber o jogo. Torce por uma equipa "porque veste de verde". Eu, sendo do Sporting, não tenho problemas nenhuns em dizer que gosto de ver jogos do Benfica. Se jogam bem não há problema em assumir. Mas já estou a dispersar e este assunto dá pano para mangas.

 

Continuando: Assim que o jogo começa, três pacóvios ao meu lado começam a gritar "SPOOOOOOORTING!",  "PA-TRÍ-CI-O!", etc. E a insultar. E a dar sugestões de jogo. "Domina com as mamas!", diziam eles. Responde uma mulher, uma fila abaixo e num volume de voz não muito elevado: "Vai lá para dentro fazer melhor!" Eles foram-se calando. No final já nem se ouviam (provavelmente já estavam na fila do Anselmo Ralph). Noutro ponto da bancada, mesmo lá em cima, ouvia-se "E quem não bate palmas é tripeiro". Pergunto-me: Numa final europeia, em que nenhuma das equipas é da casa e nenhuma das equipas é o Porto, para quê este cântico? São estúpidos? (Sim.) Não se sabem comportar? (Não.) Não conseguem ver o jogo que está a decorrer à vossa frente? (Não.) E os ocasionais "É penalty!" quando há uma falta EM QUALQUER PARTE DO CAMPO. Hashtag #fucklogic repetida mil vezes na minha cabeça.

 

É isto a que eu me refiro quando digo que falta cultura futebolística em Portugal. Existem os adeptos de futebol - aqueles que gostam de ver um jogo, de o jogar, até, e de estar verdadeiramente informados sobre o desporto - e os "adeptos" de futebol - os que, antes da vitória da sua equipa, querem a derrota de todas as outras, que preferem armar confusão a destrufar de um jogo de futebol,

 

Senhores da FPF: Tanto trabalho bom que fizeram nos últimos anos, em que o futebol feminino tem ganho expressão no nosso país (pouco a pouco, mas a Taça de Portugal já é transmitida em directo na RTP2!), e dão este tiro no pé. Criaram um evento que menorizou (tanto que tornou praticamente insignificante) a realização de uma outra final europeia no nosso país. Menor que a Champions League, é verdade. Mas na mesma uma final europeia. Não só menorizou essa final (e, por consequência, a percepção nacional dessa mesma competição) como provocou uma má experiência (no final, a obrigar-me a levantar o rabo da cadeira por causa de um evento que, para todos os efeitos, era completamente secundário) a vários espectadores no final do jogo. Isto resolvia-se se não tivessem colado o concerto para vender mais bilhetes para o jogo, porque as pessoas compravam bilhetes mas estavam-se pouco marimbando para a bola. Era fácil: Bastava realizarem o concerto após o jogo, promoverem-no como sendo após o jogo, e dizer às pessoas que queriam ver o concerto para virem APÓS o jogo. Deixava as bancadas mais vazias? De corpos, sim. De cabeças interessadas em ver um jogo de futebol, não. E se na Federação vivem o futebol (supostamente, claro), deviam dar mais importância às pessoas que querem ver um jogo. Assim não promovem nada. Até correm o risco de descredibilizar a modalidade.

 

No final? Ficam o bilhete e o cachecol, para a colecção (um dia falarei disto). Se bem que ainda vou tentar arranjar um oficial. E o programa. Também quero um.

 

 

(Sim, o título é claramente enganador.)

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publicado às 09:30

Podcast TVDependente 53

por Manuel Reis, em 17.05.14

Já online a 53ª emissão do Podcast TVDependente. Nesta emissão fomos mais uma vez ao tema da actualidade: O final de temporada. A maior vaga de finais começou esta terça-feira e deve acabar na próxima semana. Ah, e armámo-nos em oráculos. Deu merda. São 70 minutos recheados de séries de TV aqui. A edição 52 (em que falámos do grande regresso de 24) também está disponível.

publicado às 19:46

11

por Manuel Reis, em 05.05.14

O meu primeiro telemóvel foi um Siemens. A55. Com WAP. Para quem já não se recorda do WAP, foi a primeira forma que os telemóveis (em 2003, praticamente todos ainda com ecrãs monocromáticos que não chegavam aos 4cm de altura!) tiveram de aceder à Internet. E o meu primeiro cartão, um amarelo da TMN (ainda com este logotipo), com o Mimo. Bons tempos, em que um carregamento obrigatório de 25€ a cada 3 meses davam e sobravam para tudo. A vida foi andando para a frente, o A55 foi dando problemas, e rapidamente o troquei por um Nokia 3200 (sempre fui um nerd, mesmo no inconsciente). Depois desse, em 2008, veio mais um Nokia, o 5700 (quando a Nokia ainda fazia bons telemóveis e tinha um sistema operativo decente e suportado nos principais SOs de computador) Sempre com TMN, até ao dia em que me ofereceram um cartão Yorn (Vodafone). Coloquei-o num Nokia 3310 que estava lá por casa parado e, após algum tempo a usar os dois números em simultâneo, passei a 100% para a Vodafone. A razão foi simples: A maior parte dos meus contactos era Vodafone ou então usava o mesmo tarifário que eu.

 

Mas, após cinco anos de luta (principalmente para continuar a funcionar), o Nokia 5700 estava a ceder gravemente. Isso juntado a um desejo antigo e... Pimba: iPhone 5s. Sem contratos, desbloqueado, adquirido directamente à Apple (é o melhor que fazem, visto que custa exactamente o mesmo caso o comprem bloqueado a qualquer uma das operadoras portuguesas).

 

Started from the bottom, now we're here. Neste caso do topo. Adiante.

 

2014. Em 11 anos, as necessidades dos consumidores mudaram. Os tarifários... Para ser sincero, não acho que tenham acompanhado. Neste momento, o que é preciso é, principalmente, tráfego de dados. A Vodafone, há uns tempos, começou com os tarifários pré-pagos RED, que eram parvos logo à partida porque substituiram os tarifários que tinham com mínimo de 600MB/mês por um com 200MB/mês. Não que isto me chateasse particularmente, porque continuo com pré-pagos, sem contratos, sem obrigações. Chateia é ver que a operadora em que estou não se preocupa em tentar melhorar os tarifários (bem pelo contrário) e, sobretudo, que essa falta de preocupação se alastra aos outros tarifários da empresa, quando há concorrência muito forte (e muito boa) dos outros lados da barricada. E não sou o único a achar isto - Quase 500 mil pessoas saíram da Vodafone no último ano. 500 mil pessoas não é pouco. É 5% da população nacional. É uma perda de 7% da vossa clientela num ano.

 

Nestes últimos 3 meses estive envolvido numa promoção da Yorn que oferecia 5GB de tráfego por mês. Acabou no dia 30. Mas pensei… Nestes últimos meses, eu fiz muitos carregamentos de 5 euros. MUITOS. Peguei na factura detalhada, e fiz as contas: Entre Fevereiro e Março, gastei só em comunicações (outros tarifários Vodafone, outras redes, números de apoio Vodafone e um ou outro 808 e 707) 23,95€. Juntando a isso 9 cobranças de 1,75€ (sempre à segunda-feira, e houve 9 em Fevereiro e Março), dá um total de 39,70€ - média de 19,85€/mês. Suponhamos que não tinha a promoção dos 5GB e estava com o meu tarifário normal, o Yorn W 2GB, 4,25€/semana. Seriam 62,20€ - média de 31,10€/mês. Na verdade, e se quiserem fazer um exercício matemático simples, seriam 30,19€. Mesmo assim, é muito.

 

Vodafone, estás em muitos maus lençóis na concorrência directa. Vamos colocar isto da seguinte maneira… Até o Moche fica mais barato. Muitos até dirão que o M4O era uma boa solução, e é. Don’t get me wrong, é um excelente tarifário… Para famílias. Para, pelo menos, mais de duas pessoas. Por isso, não me compensa.* Não vou voltar ao Meo. Porquê? Porque não é a solução mais barata. A mais barata é, sim… O WTF.

 

*Não apresento cálculos por um simples facto: Não tendo dados das comunicações gratuitas que fiz para a Vodafone, não me é possível fazer uma comparação minimamente justa, ao contrário do WTF. Mas considerando que faço bastantes chamadas para a Vodafone, nunca me iria compensar.

 

A comunicação geral da marca é, em bom português, uma bela merda. O site não tem nenhum texto minimamente sério (nem o site da Optimus), boa parte das respostas das FAQs estão em vídeo (o que é fantástico quando não se tem tráfego ilimitado para o YouTube - fix it!), os anúncios são fracos… Apesar do limite de idade para aderir a este tarifário ser de 25 anos, a campanha está claramente focada nos adolescentes (se bem que já me tenho cruzado com alguns menores de 18 que também não gostam da comunicação da marca). Portanto, o que é que me atrai? O preço. As condições. O dinheiro que realmente vou gastar. O facto de ainda ser suficientemente jovem para poder usufruir deste tarifário (quem tem mais de 25 anos não pode, sequer, aderir).

 

Pegando nas mesmas comunicações pagas que fiz, cheguei à conclusão de que com o WTF pagaria, só pelas comunicações, 3,66€... Nos dois meses! Só porque os 808 e 707 e serviços da operadora não estão incluídos no pacote de minutos. Dividindo isso pelos dois meses e adicionando a mensalidade (14,90€), ficamos com a bonita quantia de… 16,73€. Por mês. Para perspectivar, é uma poupança de 44,6% face às despesas médias que iria ter com um Yorn W 2GB. E não tenho tráfego contabilizado em algumas apps de mensagens que uso regularmente (o que é um bónus).

 

Claro, existem alguns "senãos":

  • Os 500 minutos não são 500 minutos, são 500 créditos. Ou seja, uma chamada de 1m1s irá contar como 2 créditos a menos. Mas mesmo passando os 70 minutos de chamadas que fiz para créditos - 79 - e especulando sobre as comunicações que fiz e que não foram contabilizadas na factura da Vodafone, não irei, de certo, ultrapassar esse limite. Mas, caso o ultrapasse, o tarifário é sempre mais barato que no Yorn W (0,15€/min. vs. 0,199€/min. para Vodafone ou 0,349€/min. para outras redes). Não é um “senão" tão grande, mas leva-nos ao “senão” maior, que é…
  • A taxação. 60+60 nas chamadas (já explicado nos créditos, mas que também se aplica nas chamadas caso se ultrapassem os 500 “minutos”) e 100KB na internet. Isto é que me chateia, porque tanto a Vodafone como o Meo taxam a cada 10KB. Mas não deve ser um problema.

 

Acho que aqui as vantagens são bastante superiores às desvantagens. Especialmente porque é mais barato. BEM mais barato. Por isso, Vodafone, daqui sai mais um. É pena, é verdade. Mas quando não respondes às necessidades dos consumidores a tempo… Eles vão saindo. Um de cada vez. Foquem-se nos clientes em vez de se focarem no que os outros fazem.

 

Ironia: Estar a escrever um post sobre a minha mudança da Vodafone para a Optimus num blog alojado no grupo PT. Qualquer dia faço o full circle. Se me derem um tarifário melhor, claro.

publicado às 22:11


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